No Meio do Turbilhão: Como Estão as Suas Emoções?

O que os hormônios têm a ver com o seu cérebro?

Muito mais do que você imagina.

No livro O Cérebro e a Menopausa, a neurocientista Lisa Mosconi revela que o estrogênio é um dos principais reguladores do funcionamento cerebral feminino. Ele atua diretamente nos circuitos que controlam humor, memória, foco, energia e sono.

Quando o estrogênio começa a oscilar (durante a perimenopausa) e depois a cair (na menopausa), o cérebro literalmente entra em modo de adaptação.

Irritabilidade, ansiedade e confusão mental: não é “coisa da sua cabeça”

Essa transição hormonal pode gerar sintomas como:

• Mudanças bruscas de humor

• Irritabilidade fora do comum

• Crises de ansiedade

• Dificuldade de concentração

• Falhas de memória

• Sensação de “desconexão” com o que está fazendo

É comum mulheres pensarem que estão “perdendo o controle”, quando na verdade estão enfrentando um processo biológico complexo — e natural.

Por que isso acontece?

Durante a vida fértil, o estrogênio ajuda a manter o cérebro em equilíbrio. Ele estimula a produção de serotonina (o neurotransmissor do bem-estar), dopamina (motivação) e acetilcolina (memória e aprendizado).

Quando os níveis desse hormônio começam a oscilar, a comunicação entre as células cerebrais sofre. O resultado? Emoções instáveis, lapsos de memória e queda de produtividade.

Pode parecer depressão, mas nem sempre é

No livro Climatério para Mulheres Modernas, Odilon Neves e Andréa Iannetta explicam que muitas mulheres nessa fase são diagnosticadas com depressão ou ansiedade, mas na verdade estão passando por alterações hormonais profundas.

Isso não quer dizer que os sintomas são imaginários — são reais e impactantes. A diferença é que o tratamento precisa levar em conta o contexto hormonal.

Ignorar a saúde mental na menopausa tem consequências sérias

Quando a perimenopausa e a menopausa não são levadas a sério como fases de impacto cerebral, os riscos vão além de sintomas passageiros. A queda hormonal prolongada sem atenção adequada pode levar à desmielinização dos neurônios, ou seja, à perda da camada que protege e acelera a condução dos impulsos nervosos. Isso compromete diretamente a cognição, o raciocínio e a memória. Lisa Mosconi destaca que, ao negligenciar essa fase, as mulheres ficam mais vulneráveis a doenças neurodegenerativas como Alzheimer e outras demências, cujas taxas são significativamente mais altas em mulheres do que em homens. Por isso, além do ginecologista, é fundamental contar com profissionais de saúde mental que compreendam as nuances hormonais desse período — psiquiatras, neurologistas e psicólogos especializados podem ajudar a prevenir agravamentos e preservar a saúde cerebral a longo prazo.

O que você pode fazer?

A boa notícia: você não está sozinha — e há caminhos para recuperar o equilíbrio. Veja o que especialistas recomendam:

1. Alimente seu cérebro

Coma mais alimentos ricos em ômega-3, vegetais de cores fortes, sementes, azeite, frutas vermelhas. Uma alimentação anti-inflamatória protege o cérebro e estabiliza o humor.

2. Mexa o corpo

Exercício físico regular aumenta o fluxo sanguíneo no cérebro e regula neurotransmissores. Caminhadas, dança, musculação ou yoga — o que você fizer, já ajuda.

3. Priorize o sono

O sono desregulado agrava todos os sintomas. Crie uma rotina, reduza telas à noite e, se for o caso, busque ajuda médica.

4. Busque profissionais que compreendam essa fase

Não aceite ser tratada com descaso. Ginecologistas e endocrinologistas atualizados sabem como identificar e tratar essas mudanças hormonais — inclusive com reposição hormonal, quando indicada.

Seu cérebro está mudando — e você pode passar por isso com mais leveza

A perimenopausa e a menopausa são fases naturais da vida, mas cheias de armadilhas emocionais e cognitivas. Com informação certa e acompanhamento adequado, é possível atravessar esse “turbilhão” com mais clareza, equilíbrio e autonomia.

A pergunta é: como estão as suas emoções? Você tem cuidado delas como elas merecem?

Texto por Dra. Daniela Ghorayeb
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