Três coisas que os pais ainda não sabem sobre lidar com adolescentes em crise
Quando o adolescente grita, se tranca no quarto, ignora, desafia ou chora descontroladamente, muitos pais interpretam como falta de respeito ou rebeldia. Mas a verdade é que, nesses momentos, o adolescente não está raciocinando. Seu cérebro está em estado de sobrecarga emocional.
AUTORREGULAÇÃO EMOCIONAL


1. O adolescente não está contra você — o cérebro dele está sobrecarregado
Quando o adolescente grita, se tranca no quarto, ignora, desafia ou chora descontroladamente, muitos pais interpretam como falta de respeito ou rebeldia.
Mas a verdade é que, nesses momentos, o adolescente não está raciocinando. Seu cérebro está em estado de sobrecarga emocional.
A amígdala, responsável pelas reações intensas de raiva, medo e frustração, assume o comando.
Enquanto isso, o córtex pré-frontal — área responsável pelo controle de impulsos e pela capacidade de pensar antes de agir — fica “fora de linha”.
👉 É por isso que conversar, argumentar ou dar sermão não funciona durante uma crise.
O adolescente não ouve porque, fisiologicamente, não consegue.
O papel do adulto, nesses momentos, é emprestar a calma que o cérebro dele ainda não consegue produzir.
Ser a referência emocional — não o espelho do caos.
💬 Quando o adolescente perde o controle, o adulto precisa ser o eixo, não o espelho.
2. A maneira como você reage muda o cérebro do seu filho
As emoções são neurobiologicamente contagiosas.
Se o adulto se desregula, o adolescente se intensifica.
Mas se o adulto se mantém presente, firme e calmo, o cérebro do adolescente começa a desacelerar — literalmente.
Isso acontece porque o sistema nervoso humano é moldado por espelhamento emocional.
A calma do adulto envia sinais de segurança ao corpo do adolescente, ajudando a reativar seu sistema racional.
👉 Gritar, ameaçar ou punir ativa ainda mais o sistema límbico.
👉 Falar devagar, usar voz baixa e demonstrar controle ativa o córtex pré-frontal.
É assim que o adulto se torna agente regulador do ambiente emocional.
💡 O adolescente aprende a se acalmar quando convive com adultos que sabem se acalmar.
3. Existem técnicas psicológicas simples que funcionam — mas quase ninguém usa
As técnicas mais eficazes para lidar com crises adolescentes vêm de abordagens terapêuticas baseadas em evidências:
a Terapia Cognitivo-Comportamental (TCC), a Psicologia Comportamental e a Terapia Cognitivo-Dialética (DBT).
E a boa notícia é que qualquer pai ou educador pode aplicá-las no dia a dia.
A seguir, estão as estratégias mais úteis:
🧘♀️ 1. Regule-se antes de reagir (DBT + TCC)
Antes de corrigir o adolescente, corrija seu próprio tom interno.
Respire, pause e fale apenas quando sentir que pode manter a serenidade.
“Eu estou aqui. Vamos conversar quando estivermos mais tranquilos.”
Essa pausa protege a relação e ensina o adolescente a fazer o mesmo.
💬 2. Valide o que ele sente, não o que ele faz (DBT)
“Eu entendo que você ficou com raiva por não poder sair.”
“Faz sentido estar frustrado, mas gritar não ajuda.”
Validar não é ceder, é reconhecer o que o outro sente.
Isso reduz a reatividade e abre espaço para o diálogo racional.
⚖️ 3. Mantenha limites firmes e coerentes (TCC + Comportamental)
O adolescente precisa sentir que há um adulto no comando emocional.
Limites claros e previsíveis geram segurança.
“Eu te escuto, mas não aceito gritos. Podemos conversar depois.”
O tom calmo, aliado à consistência, é mais poderoso que qualquer punição.
❤️ 4. Ensine pequenas estratégias de regulação (DBT)
Mostre como lidar com a emoção forte:
• respirar profundamente (contar até 5);
• sair do ambiente por alguns minutos;
• usar o corpo para descarregar a tensão (andar, alongar, lavar o rosto);
• falar sobre o que sente depois da calma.
Essas ações ativam o sistema de relaxamento e ensinam o cérebro a se reorganizar.
🔄 5. Repare, não apenas puna (Comportamental)
Quando o adolescente erra, o objetivo não é humilhar, e sim ensinar responsabilidade.
“Você gritou comigo. Vamos juntos pensar como reparar isso.”
Reparação constrói maturidade emocional — a punição apenas gera medo e afastamento.
🧠 6. Reforce o autocontrole quando ele aparecer (TCC)
Elogie quando o adolescente consegue se conter.
“Eu percebi que você respirou antes de responder. Isso é ótimo.”
Reforçar o comportamento desejado é a base da aprendizagem emocional.
4. O que os pais realmente precisam saber
Educar um adolescente é um ato de equilíbrio entre empatia e limite.
Não se trata de escolher entre acolher ou impor regras — mas de saber fazer as duas coisas ao mesmo tempo.
Essa é a essência da regulação emocional madura.
Os pais não precisam ser perfeitos.
Precisam ser consistentes, previsíveis e humanos — capazes de reconhecer o próprio cansaço, respirar fundo e tentar de novo no dia seguinte.
🌱 O adolescente aprende autorregulação observando o adulto em prática, não ouvindo o adulto em teoria.
5. Conclusão
Há maneiras melhores — e mais eficazes — de lidar com adolescentes em crise.
Elas não exigem força, e sim consciência, técnica e calma.
Quando o adulto regula o ambiente com firmeza e empatia, o adolescente sente segurança para reorganizar-se internamente.
A ciência mostra o que a experiência confirma:
💬 um adulto emocionalmente presente é o maior fator de proteção para um adolescente desregulado.
Referências essenciais
• Linehan, M. M. (2015). DBT Skills Training Manual.
• Beck, J. S. (2020). Cognitive Behavior Therapy: Basics and Beyond.
• Siegel, D. J. (2015). Brainstorm: The Power and Purpose of the Teenage Brain.
• Kazdin, A. E. (2017). The Kazdin Method for Parenting the Defiant Child.
• Perry, B. D. & Winfrey, O. (2021). What Happened to You?
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